GEOGRAFIA E LITERATURA: A DIALÉTICA ENTRE AS CATEGORIAS TERRITÓRIO E PAISAGEM NO CONTO “MANSÕES E PUXADINHOS” DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Resumo
Na Geografia, está se tornando cada vez mais evidente, trabalhos que abordam e centralizam a relação das categorias de análise (espaço geográfico, território, região, paisagem e lugar) com pautas sociais fundamentais na nossa sociedade, como: gênero, raça e classe. Compreender as espacialidades através de um olhar disruptivo, que possibilite a enunciação de corpos, práticas e vivências pluriversais, é um percurso potente que viabiliza a enunciação de Geografia(s) outras que não sejam alicerçadas apenas em um fazer científico colonial e europeu (QUEIROZ, 2017). Neste caminho, temos a literatura como uma aliada para a elaboração de paisagens que permitem a visualização de (des)caminhos diversos para se pensar e fazer o conhecimento geográfico, como o conto Mansões e Puxadinhos que a intelectual, escritora e professora Conceição Evaristo nos apresenta a discussão acerca do
território e da paisagem através de uma vivência que interdialoga com uma estrutura social que pulsa a pretensa colonial pautada no racismo e classismo, ao mesmo passo que emerge com o símbolo de uma vivência diaspórica grifada por: lutas, afetos, vidas e ancestralidades como inteligência de (r)existência. Diante do exposto, este trabalho objetiva analisar de que
forma a literatura poética de Evaristo (2017) apresenta uma Geografia que enuncia duas faces de uma mesma espacialidade, entre o território e paisagem, estes tangenciados pelo conflito e pelo aquilombamento. Como suporte teórico para a contextualização do trabalho, pauto as produções de Santos (2000), Ratts (2003), Fanon (2008), Almeida (2009), Gomes (2014),
Santos (2014), Corrêa (2017), hooks (2017), Akotirene (2018) e Almeida (2018). Conforme o resultado deste trabalho, podemos pensar que a exposição de uma realidade, por meio da escrevivência, como na literatura de Evaristo, potencializa a reflexão para a formulação de outras geografias, sendo essas, emancipatórias e ancestrais.