Diálogos com o Porvir
A América Latina na encruzilhada entre a opressão e a emancipação
Palavras-chave:
Região, América Latina, Colonialidade, Brasil, Povos origináriosResumo
A globalização aprofundou o mundo na fantasia econômica do neoliberalismo que tem impedido a realização de uma política verdadeiramente plural, democrática e garantidora dos direitos civilizacionais. Esta fantasia tem uma materialidade brutal quando espacialmente analisada. A contradição entre os espaços de intensa vivência cidadã e aqueles desprovidos de qualquer garantia de humanidade são resultados da construção de um mundo pautado na modernidade ocidental que teve como geografia fundante, mas não-hegemônica, a América Latina. É no processo de colonização e na manutenção da colonialidade que se erigiu uma espacialidade nova em sua dimensão técnica, econômica e política, porém mantendo fundamentos arcaicos da opressão de povos sobre outros. Como se engendraram os processos que levaram o mundo a mergulhar neste contexto inigualável de desigualdades que acentuou como nunca as desigualdades regionais globais? Como a América Latina se colocou neste processo e qual o seu destino? Como o Brasil contribui para este cenário e como poderá se colocar no porvir? A urgência da respostas a estas questões tem caráter impositiva nas análises regionais, em especial neste contexto da pandemia do novo coronavírus quando o Brasil tem se mostrado um risco global e toda a macro-região latino-americana tem sido dramaticamente afetada. Ao que parece, a peste que se mundializou tem apontado os limites planetários do antropoceno e acenado à uma nova geopolítica assentada em pilares humanitários que superam a lógica desenvolvimentista e neoliberal. Este ensaio propõe interligar os percursos histórico-discursivos da construção da América Latina como espaço de exploração global e o papel do Brasil enquanto ator destacado da região. Esta narrativa considerará a América Latina como uma espécie de “útero” que alimenta a esperança de um novo rebento e um novo destino.
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