BANCOS COMUNITÁRIOS DE SEMENTES COMO ESTRATÉGIA PARA ENFRENTAMENTO DE VULNERABILIDADES SOCIOAMBIENTAIS
Abstract
Os Bancos Comunitários de Sementes Crioulas (BCS) constituem-se em importante estratégia utilizadas pelos agricultores familiares de base agroecológica para enfrentamento da estiagem e da seca. Este artigo tem como objetivo analisar a biodiversidade de sementes crioulas nos BCS do município de Casserengue-PB. Os dados foram coletados, junto aos gestores dos BCS através de métodos interacionais, observacionais, análises documentais e, consultas ao banco de dados das instituições envolvidas com o monitoramento. Após tabulação, as informações foram restituídas e validadas junto aos gestores dos BSC e técnicos das instituições. O município de Casserengue, localizado no Território da Borborema, região semi-árida da Paraíba, possui 7.058 habitantes, dos quais 51,0 % residem na área rural. Seu índice de desenvolvimento humano (IDH) é baixo (0,514), caracterizando graves problemas socioecômicos. Foram contabilizados 07 BCS, que atendem conjuntamente 250 familias de agricultores e possuem 121 associados. O estoque dos BCS foi de 1.679,8 Kg de sementes crioulas, distribuídas em 08 espécies e 36 variedades, da seguinte forma: feijão de arranque (780,0 kg 12 variedades), milho (775,5 kg; 46,2%; 06 variedades), feijão macassar (56,0 kg; 3,3%; 06 variedades), fava (52,0 kg; 3,1%; 05 variedades), fruteiras (1,3 kg; 0,1%; 01 variedade), árvore (1,0 kg; 0,06%; 01 variedade), hortaliça (0,5 kg; 0,03%; 01 variedade) e, gergelim (0,25 kg; 0,01%; 01 variedade). Estas sementes passaram, ao longo dos anos, por seleção natural e cultural, o que lhes proporciona alta variabilidade genética e maior resistência às características ambientais da região, constituindo-se em patrimônio genético-cultural reconhecido e estratégia para enfrentamento da vulnerabilidade ambiental.