DES-RETERRITORIALIZAÇÕES EM LUGAR DE FALA: EM ZONA DE SACRIFÍCIO - CAMPOS ELÍSEOS
Palavras-chave:
Campos Elíseos, Territorialidades, Lugar de Fala, EscrevivênciaResumo
A quem interessa que a população marginalizada construa territorialidades em territórios de saberes? Este trabalho visa comentar a construção de territorialidades de uma graduanda em universidade pública localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro a partir de vivências externas ao seu território, determinado zona de sacrifício, na baixada fluminense. Debruçou-se sobre a dinâmica populacional de Campos Elíseos presentes em estudos técnicos e científicos e escrevivências. A pesquisadora-protagonista das escrevivências analisadas começou a se reconhecer pertencente a Campos Elíseos a partir do conflito epistêmico entre o que dizia a academia sobre seu bairro e o que vivia, explicitando essa relação construída de multiterritorialidade em espaços socialmentes distintos. Inicia-se aqui uma discussão sobre as territorialidades do corpo-território periférico, preto e feminino e seus atravessamentos. Ao experienciar os contrastes territoriais, a graduanda faz questionamentos como “Porque aqui e não lá?” sobre os aparelhos públicos e estruturas significativas e significantes de um processo de urbanização ordenada. As leituras de dados estatísticos apontam diálogo com as escrevivências ao mostrar que, desestabilizar territorialidades se apresenta como uma maneira de manter uma parcela da população dependente e controlada. Por isso, considera-se que ao experienciar as diferenças físicas, de tratamento, linguagens e acessos, as graduandas construiram um olhar sensível para seu território. Com as cotidianidades construíram-se relações plurais, e o saber situado esteve presente nessas (re)construções. Atravessadas por disputas de poderes, que caracterizam os territórios corroborando na construção das multiterritorialidades, as autoras pretas-pesquisadora marginais se posicionam frente a lugares de fala “de fora” de seus territórios.
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